Encontrei no meio da cidade, em São Paulo, por acaso a Maria José. Estudamos juntas na Faculdade e moramos juntas no mesmo Pensionato de freiras. Uma festa, não nos viamos havia muito tempo. Sentamos-nos num Café para conversar. O assunto acabou caindo em Dança do Ventre por causa da minha atividade atual e também porque nós dançávamos muito nas Festas da USP quando cursávamos o Curso de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e ela era sempre a mais animada. Tinha um sentido rítmico muito bom, batucava direitinho nas rodas de samba, dançava bem, com graça e criatividade.
- Pois é - me disse - eu fiz Dança do Ventre por um tempo mas desisti. A professora não disse claramente que eu era desajeitada, não acompanhava a turma na mesma batida. Acho que ela até ficou aliviada quando eu saí porque as outras meninas mostravam impaciência com a minha dificuldade e ela não dizia nada.
- Quanto tempo você ficou?
- Uns três meses. Me encantei com o universo da DV, comprei trajes, véus. Ficava maravilhada vendo a professora dançar, mas por mais que eu corresse atrás não consegui aprender e parei.
- A professora nunca sugeriu a você exercícios para fazer em casa, para melhorar as partes com as quais tinha dificuldades?
- Não. Ela era jovem, não tinha muita paciência comigo e menos ainda com as minhas dificuldades. Tudo bem acho que ela tinha razão.
-Danço, é claro! Eu e o Luiz, meu marido dançamos nos fins de semana no Clube Piratininga, no Avenidas! É muito bom. Nós arrasamos no tango.
E na nossa a paixão é tão grande que os organizadores de mostras de Dança do Ventre sabem que nós dançamos, só pelo prazer de fazê-lo. Nós pagamos para dançar e eles cobram para as pessoas nos verem. E nem reclamamos!
Mas então a saída para muitas é dar aulas. O fato de falar português desde pequeno não habilita ninguém a dar aulas do idioma mas toda bailarina acha que pelo fato de dançar, de ter aprendido a dançar é condição para ensinar. Como não existe uma rotina pré estabelecida, como no ballet clássico, parece muito fácil.
É claro que muitas procuram aprender COMO ensinar antes de achar que é professora. Fazem cursos com professoras experientes, estágios, workshops, investem em materiais didáticos, observam, perguntam, procuram supervisão. Têm a humildade de procurar conhecimento. Investem tempo, dedicação e dinheiro.
Entretanto há muitas que sentem uma grande necessidade de auto-afirmação e querem provar às suas alunas que elas dançam bem. Mostram o que sabem mas só mostrar não é o mesmo que ensinar! E as pobres alunas, que começam inseguras - como todo mundo que se inicia numa coisa nova - tentam desesperadamente seguir a mestra. E acabam achando que nunca conseguirão que são desajeitadas e não têm jeito para a coisa, como a minha amiga que desistiu mas dança tango! As que têm mais facilidade continuam e dão um jeito de aprender por seus próprios meios.
O premio é ver as alunas dançar, voar, flutuar. Isso vale tudo!
Oi Wanda! Tdo bem?
ResponderExcluirAdorei seu texto mulher, tá de parabéns!!!
Um forte abraço,
Rebeca.
Obrigada Querida. Pois é, tem que acima de tudo amar o que faz.BJKS. Wanda
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